A literatura sem sombra de dúvidas é o meio pelo qual o ser humano se libera do convencional, do metódico e do trivial. “A literatura é o catálogo das vidas possíveis e impossíveis. Quanto maior for nossa liberdade, mais necessário se torna ter um catálogo de experiências possíveis para poder exercê-las. Porque ninguém é capaz de inventar uma vida a partir de nada.” (Calligaris – Contardo; Fonte: Depoimento feito ao site da Livraria Cultura).Ler possibilita uma infindável viagem; viagem ao redor do mundo, dentro dele e fora dele, viagem ao espaço infinito, viagem que nos leva ao conhecimento de si e do outro, que nos lança nas entranhas da alma e nos traz a tona para novas descobertas e redescobertas. Refuta a reflexão e o senso crítico, a sensibilidade e o prazer em ler.Literatura é a arte pelo qual o homem se “humaniza”... “As produções literárias, de todos os tipos e todos os níveis, satisfazem necessidades básicas do ser humano, sobretudo através dessa incorporação, que enriquece a nossa percepção e a nossa visão do mundo. [...]. Em todos esses casos ocorre humanização e enriquecimento, da personalidade e do grupo, por meio de conhecimento oriundo da expressão submetida a uma ordem redentora da confusão.” (Fonte: CANDIDO, Antonio. Direitos humanos e literatura. In: Vários escritos. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2004).Contudo, literatura é amadurecimento, conhecimento e reconhecimento de mundo, o que me leva a lembrança dos meus tempos de criança e de um livro chamado “A marca de uma lágrima”. Foi com essa leitura que passei a enxergar nos relacionamentos mais do que um rostinho bonito, foi lendo que percebi que a amizade, o companheirismo e a sinceridade valiam muito mais do que paixões construídas de ilusões. E foi dessa leitura que fiz a minha leitura de mundo e compreendi que há nos livros muito mais do que se podia ler.Nem sempre temos acesso aos livros, mas com certeza nos deparamos com inúmeras formas de leitura, seja a linguagem escrita, visual, mista, a literatura esta presente em muitas situações cotidianas. Hoje tudo parece ser rápido, mas talvez o que realmente se esconde por entre essa velocidade toda seja a substituição do "velho" e "ultrapassado" pelo "novo", tudo se torna insuportavelmente "descartável", não se fala mais em guarda chuveiros, sapateiros quase foram extintos e alfaiates estão na mesma situação. LER para essa nova geração é assim "descartável", não é preciso ler um manual de instruções para navegar na internet, muito menos lê-se o manual de instruções para aprender a utilizar o celular de ultima geração, os jovens o fazem por tentativas, por exclusões, descartando o que não é viável e memorizando o que é preciso saber para operar os aparelhos. Quando não sabem algo, a pesquisa é bem simples, colocam no "Google" a suas dúvidas e aceitam a primeira resposta que lhes couber, e se errarem buscam de novo, de novo e de novo até terem sua resposta aceita.Pois nossa cultura nos incute a literatura, seja ela bíblica ou popular, o que nunca soube foi que faltaram historias para contar, mesmo que tenham sido verídicas, historias nunca hão de se extinguir. Quanto a esses alunos, o que vale lembrar aqui é o respeito pelo colega e o respeito a si mesmo, são valores que infelizmente vem se perdendo ao longo da informatização.Respeito cabe em todos os lugares, e o respeito pelos mais velhos é indiscutível, porém os jovens se valem do respeito mútuo (me respeite que te respeito), são quebras nos valores morais e éticos no qual o próprio professor, muitas vezes, pratica "Bulling", por birra, por desmotivação e ai acaba em sua história, o professor ri das "diferenças" culturais e sociais.Como diria Cazuza "Que país é esse?".A leitura vai além da decodificação, ela realmente pode nos levar a muitos lugares e nos fazer ver que ha muitas formas de se ver o mundo. Porém acredito que tudo que é demais torna-se prejudicial, deixar de viver para ler e entender pode ser arriscado ao passo que a vida passa e nós deixamos de acompanhá-la é como criar um muno imaginário, viver no "mundo de Alice" é, quem sabe, uma forma de fugir da realidade, enquanto que literatura é justamente o contrário disso, é leitura de mundo, é conhecimento, é alicerce para a construção do saber. Contudo, não existem fórmulas mágicas e muito menos manuais de instrução para a vida, tudo que se pode relatar são experiências e sonhos que, bons ou ruins, fizeram parte da vida de alguém."Capitães da areia" é uma boa história que embora não saibamos dizer, de cara, se é verídica ou não, nos aproxima da realidade e se faz ainda hoje presente em muitas situações, o que alias é pertinente lembrar, história essa que a alguns anos talvez não fosse "escrachada" como atualmente vemos, a diferença, quem sabe, deva estar no fato de hoje nomearmos delitos que antes nos pareciam distantes de nossa realidade.Lembro de ler para os meus alunos e com os meus alunos essa grande obra, no primeiro ano em que o Estado enviou para as escolas o kit de livros paradidáticos. No começo pensei: - "Nossa se a mães não me compreenderem certamente virão reclamar" - mas nada houve, pelo contrário em dia de leitura as crianças (sétima série - oitavo ano), ficavam ansiosas para ouvir a história e quase todos eles queriam ler. Foi muito gostoso, aprendi muito com essa experiência.Porém essa forma de ensino tradicional ainda ocorre e quando se fala em construtivismo, nem todos a aceitam, muitos acham que construir o conhecimento e contextualizar conceitos é abrir mão das regras e normas gramaticais e acabam deixando de lado certas observações ou então se utilizam da memorização da gramática pura. Aprender sem saber o porquê da aprendizagem.
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